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terça-feira, 26 de abril de 2011

Sofia Coppola e seu universo solitário




Com o peso nas costas de ser filha de um dos maiores diretores de cinema dos últimos tempos, Sofia Coppola surgiu por trás das câmeras em 1999 e, desde então, não parou mais. Foram alguns curtas, quatro filmes e um vídeo clipe. Nem sempre aclamada pela crítica, porém respeitada, a tímida e reservada nova-iorquina procurou sempre expor em seus filmes sua visão delicada, e às vezes ingênua, sobre o difícil universo da solidão.

Foi assim com seu filme de estreia, Virgens Suicidas, adaptação de um romance do americano Jeffrey Eugenides, e com o também drama Encontros e Desencontros, filme responsável por colocar a diretora definitivamente no mapa e na boca de todos os críticos e jurados do Oscar, que demonstraram seu apreço dando a ela o Oscar de Melhor Roteiro Original.

Todos seus filmes, apesar de personagens totalmente diferentes dos outros, tratam de um só tema: solidão, ou, se preferir, vidas vazias, sem propósito. A sensibilidade com que Sofia trata deste assunto é sua principal qualidade. Ela não se importa em deixar a câmera preguiçosa e vulnerável em certas cenas, nem falar de assuntos que, para alguns ou a maioria, são desinteressantes. Cinco irmãs lindas e desejadas por todos que resolvem se suicidar, atores milionários e entediados, uma rainha - quase meretriz- infeliz, à procura de auto-afirmação e felicidade plena que acaba sendo decapitada. Estes são os personagens criados pela Sofia, fã assumida da saga adolescente Crepúsculo, que já deixou claro que faz filmes para seus amigos, não para os críticos.

A diretora não faz filmes de atores. A atenção está totalmente voltada a ela, sempre. É só lembrar de seus filmes. Bill Murray, Scarlett Johansson, Kirsten Dunst, duas vezes, e Stephen Dorff. Papéis marcantes? Não. Podem até ser atores bons, mas nunca foi o foco dos filmes da Coppola. Narcisismo? Também não.

Ela prioriza a estética de suas obras. Quando a atriz Scartett Johansson, em Encontros e Desencontros, após ser abandonada novamente por seu marido, senta na janela do hotel e observa aquela cidade de Tóquio fria e, para ela, estranha e indiferente, a câmera que antes era precisa, começa a se mover de um lado para o outro, para mostrar a perspectiva de tudo o que a personagem está observando. Para nos dar a dimensão daquela grande cidade e de como ela está se sentindo sozinha naquele mundo. É como se estivéssemos ali, do lado da Sofia, vendo tudo com os olhos dela. Isto sim é arte.

E ela, que começou lá trás, fazendo uma ponta no clássico O Poderoso Chefão, dirigido por seu pai, criou asas próprias, fugiu dos clichês hollywoodianos e provou que pode ser muito mais do que meramente “a filha do Francis Ford Coppola”.

Janis Lyn